Neste momento, em que termina a Época Desportiva 2011, parece-nos oportuno partilhar convosco algumas reflexões, que consideramos relevantess para o futuro da modalidade.
A gestão da FTP, tal como já defendemos em Assembleia-geral, deve ajustar-se à realidade actual e precaver os interesses de atletas e clubes.
A atribuição dos títulos de Triatlo Longo 2011
Somos de opinião, que se deve decidir a atribuição do título de 2011 com base nas provas realizadas. Porque doutro modo, existe a possibilidade de o atleta representar mais do que um clube na competição e será uma interferência no calendário de 2012. Seja qual for a decisão resultará sempre na insatisfação de alguns, que se sentirão certamente lesados nas suas aspirações.
O calendário desportivo
A FTP deve com a devida antecedência assegurar-se que existem condições para a realização das principais provas nacionais, em particular os campeonatos nacionais, e evitar situações de cancelamento como, por exemplo o Duatlo em Matosinhos ou a indefinição do Triatlo em Gaia, ou cancelamento de provas da Taça de Portugal.
Os atletas, clubes e treinadores devem saber quando e onde se disputarão os títulos, para que possam planear o seu treino e definir objectivos. A profissionalização do calendário é uma exigência, se isto exigir a diminuição do número de provas, deve-se fazê-lo, mas por antecipação.
As Competições Nacionais e a formação
O futuro da modalidade exige iniciativas nacionais, num modelo que auxilie os atletas e os clubes, permita a formação contínua de técnicos tendencialmente gratuita, etc. . A FTP deve valorizar as competições nacionais, contribuindo desta forma para facilitar a captação de parceiros privados, para a própria FTP, mas sobretudo para os clubes. Deve haver um investimento no sentido de criar uma competição de elites por etapas, um circuito nacional.
A FTP deve ter então um papel duplo: por um lado promover uma competição de clubes, exclusiva para elites, um circuito nacional, com condições de promoção mediática que permitissem a sponsors privados terem retorno do seu investimento. Por outro lado, a FTP deve assegurar subvenções à formação, premiando os clubes formadores. São duas lógicas diferentes que nunca devem ser misturadas, mas que têm de coexistir no pensamento estratégico da FTP.
Provas e prémios
Os prémios, incluindo os pecuniários devem ser atribuídos imediatamente após a conclusão das provas. Qualquer prova ou campeonato deve ter as regras estabelecidas no início e inalteradas no decorrer da competição.
Os prémios pecuniários fazem parte dos prémios atribuídos e, apesar do seu pequeno valor, são nesta modalidade, ao contrário de outras que exigem menos recursos financeiros, uma ajuda necessária aos atletas.
Não se compreende que a prova nacional mais importante ? a finalíssima do Campeonato Nacional de Triatlo?, não tenha tido qualquer prémio pecuniário nem cobertura televisiva.
Os CAR, Centros de Alto Rendimento e Critérios de Selecção
A gestão desta Direcção da FTP assenta num conceito que designamos “Clube da Federação”, canalizando os recursos e dinheiros públicos postos ao seu dispor em benefício exclusivo de um conjunto restrito de atletas que se dispõem a integrar os Centros de Alto Rendimento. A captação e selecção desses atletas deve obedecer a critérios desportivos bem definidos ou previamente anunciados, assim como o seu acompanhamento. A acção da FTP deve ir no sentido de premiar o mérito desportivo dos atletas e não deve permitir que algum seja descriminado por não fazer parte dos CAR..
O facto de a FTP condicionar qualquer apoio a atletas de nível internacional, inclusive membros da selecção nacional à integração nos CAR, com isso violando claramente o estipulado na legislação nacional, é para nós incompreensível e inaceitável.
Quanto aos critérios de Selecção devem ser absolutamente inequívocos, e devem ter por base as competições nacionais.
As dificuldades financeiras e os problemas de tesouraria para os clubes
Neste momento, em que já terminou a Época Desportiva de 2011, estão ainda em falta o pagamento de prémios relativos à época de 2010. Quando está a decorrer a discussão do OGE e são conhecidos os cortes nas receitas do IDP, interrogamo-nos quando estas quantias serão liquidadas pela Direcção da FTP, e como procederá em relação à “divida” a clubes, atletas e eventualmente outros que foram acumuladas durante este ano de 2011, designadamente apoios à deslocação, prémios, etc… e será que os clubes estão preparados para isso?
E como se procederá ao pagamento das inscrições para a nova época? Mesmo sendo credores da FTP continuarão a ter de adiantar dinheiro? Teremos de pagar pelo facto de a FTP permitir aos seus “parceiros” que continuem a organizar provas sem pagar?
A Direcção e o fim de um ciclo
Esta Direcção da FTP, nomeadamente o seu presidente, teve um papel importante no desenvolvimento da modalidade, porém, nesta altura, e em fim de ciclo, parece-nos que já não existe nem motivação e provavelmente nem capacidade para lidar com os desafios da actual conjuntura. Com um modelo de gestão que tem por base o financiamento por parte do Estado e as parcerias com autarquias, parece-nos a Direcção restrições orçamentais e os limites ao endividamento das autarquias impostos pelo Governo. Soluções??? O Sr. Presidente, em entrevista ao jornal A Bola disse: “ Vou cortar no crescimento da modalidade” o que para além de materializar algum sentimento de posse, deixa a dúvida quanto à natureza dos cortes e deixa-nos a todos muito apreensivos.
Na reunião de Montemor foi traçado um cenário cinzento para a modalidade, porém agora concluímos que o cenário é negro!!
Consideramos que um ciclo está a terminar, e é altura de promover o debate e a discussão dos principais temas relacionados com a modalidade. No tempo que medeia até ás eleições devemos recolher o maior número de opiniões que permitam depois estruturar um plano estratégico para a modalidade. Na nossa opinião, o futuro deve passar por um corte com o modelo actual de gestão. A justificação para tal? Pensamos que ninguém melhor que o Sr. Presidente conseguiu retratar o que se pretende para o futuro, quando inquirido sobre as eventuais medidas anti crise pelo jornal A Bola ele respondeu:
· Mais organização
· Melhor gestão
· Mais Investimento
· Melhor rentabilidade
Elogiamos a critica subjacente e subscrevemos as medidas.
Cumprimentos a todos,
Nuno Tróia e Miguel Lopes
Coordenação
Secção Triatlo Clube dos Galitos
Veja-se por exemplo, o Decreto-Lei n.º 272/2009 de 1 de Outubro |